sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O SORRISO DE MONALISA

No filme "O Sorriso de Monalisa" está retratada – acredito que fielmente – a realidade americana do trabalho docente feminino na década de 50. Em meio a momentos cômicos, épicos e dramáticos, ele apresenta situações em que a disciplina de arte tinha o mesmo peso que a de prendas domésticas, matéria obrigatória, para as meninas, naquela época.
A história contada no filme é a de uma professora feminista, Katherine Watson, que foi contratada para dar aulas de História da Arte num bem conceituado e tradicional colégio de moças, o Wellesley College, na Nova Inglaterra, após deixar o Estado da Califórnia onde residia, alcançando um sonho profissional.
Katherine Watson esperava ali encontrar as alunas mais inteligentes e brilhantes dos EUA. No entanto, ela se vê entre as meninas mais inteligentes sim, mas desprovidas de qualquer pretensão profissional. São alunas preocupadas apenas em casarem-se, constituírem família, serem boas esposas e mães, terem filhos e pronto! A professora, então, tenta incentivá-las, apesar de ir contra todas as convenções escolares e sociais vigentes – já que a Wellesley era uma escola tradicionalíssima –, a serem mais do que "boas esposas", e toma a iniciativa, inclusive, de matricular uma delas num curso de Direito, pois esta aluna havia confidenciado a ela o desejo de estudar este curso. Com esta atitude o que a mestra consegue é a antipatia de algumas das meninas.
Neste colégio reina o autoritarismo, com suas regras e seus métodos, tanto de conduta quanto de ensino, totalmente pré-definidos.
Embora o filme decorra dos anos 50, seu contexto será sempre atual, pois aborda um tempo que realmente existiu, ainda parece existir e não pode ser esquecido – que, infelizmente, temos esbarrado nele camufladamente em algumas várias instituições escolares. Ele enfatiza, de uma forma clássica e bela, o papel para o qual a mulher nasceu para desempenhar, segundo os padrões da época, limitando-a ao sagrado matrimônio, casa, marido e filhos. Ensina, ainda, como iniciou-se a luta feminina pelo seu querer, pela conquista do seu espaço numa sociedade até então inteiramente machista, mesmo que para isso alguns tabus fossem violados. E, finalmente, como se pode notar, é um filme crítico à rigidez social dominante do início do séc. XX e, considero, imperdível para se entender um pouco da trajetória histórica do trabalho docente até aquele momento.
Apesar de ter forte semelhança com o filme "SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS", mostrou duas tendências pedagógicas: Tradicional e Progressista.

A tendência tradicional predominou no papel da escola, da família e na concepção de educação, onde a preparação intelectual e moral dos alunos era para assumir seu papel na sociedade, acumulados através dos tempos e repassados aos alunos como verdades absolutas.
Já a tendência progressista esteve presente na figura da professora, que serviu de inspiração para suas alunas, após decidir lutar contra normas conservadoras da escola em que trabalhava, na tentativa de abrir a mente de suas alunas para um pensamento liberal, enfrentando a administração da instituição e até mesmo de algumas alunas. Ela também estava imbuída da idéia de que através de suas aulas era possível dar maior autonomia e preparo para que suas alunas enfrentem o mundo, entretanto, muito mais que uma profissional em busca de renovação em seu trabalho pedagógico, ela era o protótipo da mulher moderna, livre, desimpedida e que queria quebrar as barreiras do mundo machista em que vivia.
Demonstrou ainda:
- CADA OLHAR TEM UMA PECULIARIDADE.
- A REALIDADE PODE SER VISTA DE VÁRIOS PONTOS DE VISTA, E NÃO A VISTA DE UM PONTO.
- COMPLEXIDADE DO SER HUMANO.
- OS SENTIMENTOS ENVOLVIDOS.
Portanto, ser educador/professor significa muito mais que ensinar, pois essa missão está intrinsecamente ligada ao dom , vontade, persistência e amor a profissão.

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